quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Controle de Pragas e Doenças

Peixoto (1983), citado por Saturnino et al. (2005), afirma que poucos insetos atacam o pinhão-manso, pois o látex produzido pela planta é cáustico e os repele. No entanto, tem sido relatada a ocorrência de algumas espécies nos cultivos em várias partes do mundo.

Alguns fatores que interferem na ocorrência de pragas e doenças, ou seja, na resistência das plantas, são a idade da planta, seu estado nutricional, a época do ano, as condições do clima e a presença de plantas hospedeiras (Saturnino et al., 2005).

Como em qualquer cultivo, as pragas devem ser combatidas e as doenças controladas, a fim de alcançar boa produção.

Pragas

Formigas

As formigas saúva e rapa-rapa são as que mais atacam o pinhão. Atacam principalmente as mudas novas. A rapa-rapa come a casca das plantas. Dessa forma, há ocorrência de muitas falhas no plantio. Para evitar esse problema, recomenda-se fazer o plantio de mudas com seis meses de idade, que são mais resistentes. Também é preciso fazer o controle das formigas antes do plantio.

Cigarrinha-verde (Empoasca sp.)

É uma praga que migra das pastagens e das plantações de milho, de sorgo e outras. Atacam as folhas, provocando o amarelecimento, seguido de endurecimento e ligeira curvatura para baixo. Também causa o abortamento de flores.

O controle deve ser feito com inseticidas sistêmicos.

Ácaros

As espécies de ácaros que atacam o pinhão-manso são:

• ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus); e

• ácaro-vermelho (Tetranychus sp.).

O ácaro-branco ataca brotações novas e a folha fica com aspecto de papel crepom. Ataca a ponta da planta e encrespa as folhas, inibe o desenvolvimento das folhas e as inflorescências, paralisando seu crescimento. Na época seca, o ataque é mais grave.

O controle é feito pela pulverização de enxofre em pó.

O ácaro-vermelho ataca as folhas mais velhas. Na época da seca, causa o amarelecimento e a queda prematura das folhas.

O controle do ácaro-vermelho é o mesmo usado para o ácaro-branco.

Tripes (Selenothrips rubrocinatus)

Atacam as folhas completamente desenvolvidas, dando-lhes um aspecto branco-prateado. As larvas são avermelhadas e formam colônias, aparecendo manchas rubras nas folhas. O adubo tem coloração preta e corpo fino. Em infestações intensas, ramos, flores e frutos podem ser atingidos, causando desfolha e definhamento de frutos e sementes.

O controle do tripes pode ser feito com inseticidas carbamatos sistêmicos, apliacados no solo, ou com inseticidas pulverizados nas plantas.

Cupim

Os cupins chegam a derrubar a árvore. É curioso que eles atacam em linha e não as plantas de outras linhas.

A planta atacada é retirada e as danificadas são cortadas. Aplica-se um produto culpicida no solo, para combater os cupins. Após a eliminação da praga, a planta pode ser replantada no mesmo local. Como os ramos tem facilidade de enraizar, a planta logo se recupera e solta novas brotações.

Percevejos (Pachycoris spp.)

Os percevejos adultos do gênero Pachycoris tem cor verde com pintas avermelhadas ou alaranjadas. As ninfas (fase imatura) tem cor verde-azulada metálica. As ninfas e os percevejos adultos sugam os frutos. Pode ocorrer aborto prematuro dos frutos.

O percevejo deve ser combatido imediatamente, pois seu ataque em colônias, com seus filhotes crescidos e multiplicados, afetam a formação de albúmen.

Pode ser usado o controle biológico, com fungos entomopatogênicos e com a vespa Telenomus Pachycoris.

Outras pragas

Outras pragas de menor importância que ocorrem no pinhão-manso são:

• Gafanhotos (comem folhas)

• Esperanças (comem folhas)

• Broca-das-hastes (faz galerias nas hastes)

• Larvas minadoras (fazem galerias nas hastes tenras)

Observação;

Doenças

• Oídio ou mofo-branco (Oidium hevea)

É um fungo que ataca as partes verdes da planta, podendo causar desfolha e chochamento dos frutos. Ocorre, geralmente, na época da seca. Por isso não causa muitos problemas, pois seu coincide com a época de desfolha natural das plantas.

O controle pode ser feito com pulverização de enxofre em pó ou com a receita natural, descrita a seguir:

--- misturar 1,0 litro de leite cru, filtrado, com 19 litros de água limpa. Pulverizar sobre as plantas afetadas.

Gomose (Phytophthora sp.)

É um fungo que ataca a base do caule, com sintoma de podridão mole, que exsuda liquido de odor característico, e os tecidos afetam ficam escuros. Ocorre amarelecimento, murcha e queda de folhas. Num segundo momento, ocorre morte descendente de ramos.

Esta doença pode ser controlada com a aplicação de sulfato de cobre na superfície do caule atacado.

Ferrugem (Phakopsora jatrophicola)

Esse fungo causa ferrugem nas folhas e pode provocar a desfolha das plantas.

Viroses

O pinhão-manso pode ser atacado por vírus que atacam a mandioca.

Caldas para controle de pragas e doenças

As caldas tem como objetivo aumentar a resistência das plantas. Elas são ricas em substâncias oligo-minerais, como é o caso das caldas Bordalesa, Sulfocálcica, Viçosa, etc, ou de substâncias orgânicas, como os biofertilizantes, o supermagro, entre outros.

Calda Viçosa

A calda Viçosa consiste de uma variação da calda Bordalesa. Ela é a calda Bordalesa mais os micronutrientes, zinco, magnésio e boro e o macronutriente nitrogênio.

TABELA 8.1 – Fórmula básica para 100 tipos de água

Sais ou fertilizantes

Quantidade

Sulfato de cobre

750 g

Cal hidratada

300 g

Sulfato de zinco

300 g

Sulfato de magnésio

400 g

Ácido bórico

100 g

uréia

400 g

A quantidade de cal pode variai de acordo com o seu poder de neutralização.

RECIPIENTE A – Metade do volume deve ser completado com água, onde são dissolvidos os sais de cobre, zinco e magnésio, o ácido bórico e a uréia.

RECIPIENTE B – Metade do volume deve ser completado com água, misturando-se a cal até formar-se um “ leite de cal “.

O preparo da calda Viçosa deve ser em recipiente de material plástico, cimento, cimento amianto ou madeira. Não se deve utilizar recipientes de ferro, latão ou alumínio.

Despeja-se o conteúdo do recipiente (A) sobre o do (B), agitando fortemente para que se forme uma boa suspensão. Não verter na ordem inversa as soluções.

O pH da calda deve ficar entre 6,5 e 7,0 para não afetar o aproveitamento dos nutrientes. A cor da calda nesse pH é azul-celeste.

A calda Viçosa deve ser aplicada no mesmo dia da sua preparação, usando um pulverizador.

Calda Sulfocálcica

A calda Sulfocálcica tem ação fungicida, inseticida e acaricida. Ela é feita a quente, em recipiente de metal. O volume do recipiente deve ser o dobro do volume da calda a ser preparada. Para o preparo de 100 litros da calda, coloca-se 25 kg de enxofre no recipiente e dissolve-o com um pouco de água quente, formando uma pasta. Em seguida, adiciona-se 80 litros de água e coloca-se o recipiente para esquentar. Quando a água atingir em torno de 50°C, pode-se derramar lentamente, 12,5 kg de cal virgem, mexendo sempre. Deixar ferver por 50 a 60 minutos. Quando levantar fervura, completa-se o volume com água fria até atingir o volume de 100 litros. Tomar cuidado com os vapores exalados pela reação durante a fervura. A cor pardo-avermelhada significa que a calda está pronta, sendo que a mesma pode ser retirada do fogo. Para uso, após descanso, a calda deve ser coada em pano de algodão e diluída conforme recomendação da cultura.

A concentração ideal da calda é de 29 a 30°Bê.

A dosagem recomendada para o período vegetativo é de 1 litro de calda para 30 a 120 L de água.

A aplicação da calda Sulfocálcica deve ser feita sempre em períodos frescos, para evitar queimaduras na folhagem.

Em épocas muito quentes, é recomendável aumentar a diluição com água, uma vez que temperaturas altas aumentam a sua efetividade. Com temperaturas muito elevadas, é recomendável suspender as aplicações da Calda Sulfocálcica.

Durante a floração, aplicar a Calda Sulfocálcica apenas para culturas que tolerem enxofre, nessa época devendo, normalmente, ser empregada após a fecundação das flores.

Fazer aplicação com alto volume e alta pressão (acima de 150 libras), cobrindo totalmente as partes vegetais.

Supermagro

O supermagro é o produto da fermentação de estercos animais, enriquecidos com micronutrientes e outros produtos de origem animal, obtendo-se um biofertilizante para aplicação foliar nas plantas.

Em 200 litros de esterco, adicionar:

40 litros de esterco de gado fresco

1 litro de leite

1 litro de melaço

100 litros de água

Misturar e deixar fermentar por três dias.

A cada cinco dias, deve-se dissolver um dos sais em dois litros de água morna e juntar com 1 litro de leite e 1 litro de melaço (ou 0,5 kg de açúcar) e um dos ingredientes complementares e misturar com o esterco em fermentação.

TABELA 8.2 – Sais minerais

Ordem

Sais minerais

Quantidade

1

Sulfato de zinco

3,000 kg

2

Sulfato de magnésio

1,000 kg

3

Sulfato de manganês

0,300 kg

4

Sulfato de cobre

0,300 kg

5

Cloreto de cálcio

2,000 kg

6

Bórax ou ácido bórico

1,000 kg

7

Cofermol. ( Co,Fé e Mo

0,125 kg

O sulfeto de zinco e o bórax ou ácido bórico devem ser divididos em duas vezes.

TABELA 8.3 – Ingredientes complementares

Ingredientes

Quantidade

Farinha de osso

0,20 kg

Restos de peixes

0,50 kg

Sangue

0,10 kg

Restos moídos de fígado

0,20 kg

Após adicionar todos os sais, deve-se completar o volume para 180 litros. O tempo de fermentação varia de 30 dias (no verão) até 45 dias (no inverno).

A aplicação do supermagro deve ser feita na concentração de 2 a 4%. O intervalo entre as pulverizações pode ser de 10 a 20 dias. É importante que se faça um teste de acordo com a sua região para determinar o melhor intervalo de aplicação.