quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Origem, utilização e distribuição do pinhão-manso

Várias espécies de plantas oleaginosas podem ser usadas para extração de petróleo, que será transformado em biodiesel. Dentre elas as mais importantes economicamente são a soja, a mamona e o dendê. Entretanto, o pinhão-manso vem se destacando como uma planta com grande potencial para essa finalidade, por causa do alto teor de óleo de suas sementes, dentre outros fatores. Veja na tabela 1.1 o teor de óleo do pinhão-manso e das principais oleaginosas usadas para produção de biodiesel.

Tabela 1.1 – Teor de óleo em plantas oleaginosas

Espécies oleaginosas: Teor de óleo

Pinhão-manso: 30% a 40%

Soja: 20%

Girassol: 42% a 45%

Mamona: 45% a 60%

Algodão: 13% a 32%

Dendê: 20%

O pinhão-manso, cujo nome científico é Jatropha curcas L., é parente da mamona, sendo ambas da mesma família Euphorbiaceae. É conhecido e cultivado no continente americano desde a época anterior ao descobrimento da América.

Existem pesquisadores que consideram o Brasil como o país de origem do pinhão-manso, em virtude de navegantes portugueses terem levado suas sementes colhidas no Brasil para África, Ásia e suas ilhas no Atlântico. No entanto, é mais confiável considerar o México como o país de origem e os índios, que migraram da América do Norte para a América do Sul há mais de 10.000 anos, como os responsáveis pela sua distribuição do México até a Argentina, incluindo o Brasil. Depois do descobrimento do Brasil, os marinheiros portugueses contribuíram para a expansão de diversas plantas colhidas no Brasil, dentre elas o pinhão-manso.

O pinhão-manso é encontrado em todas as regiões tropicais, temperadas e, em menor escala, nas frias.

A denominação científica em grego “Jatropha“ significa medicamento. De fato, sua semente era utilizada como vermífugo ou purgante de animais. O pinhão-manso é conhecido também como pinhão-branco, purga de porco, pinhão do Paraguai, etc. O povo reconhece o poder cicatrizante de sua seiva ou leite que sai do caule ao machucá-lo.

Embora, nas últimas décadas, o óleo de pinhão-manso tenha sido usado pelas suas propriedades medicinais, no passado era usado para iluminação, em lamparinas, candeeiros e na iluminação pública de cidades, inclusive do Rio de Janeiro. A vantagem é que se trata de um óleo sem cheiro e que queima sem fazer fumaça.

O alto teor de óleo, cerca de 33% na extração mecânica e 38% na química, e suas características físico-químicas apontam o pinhão-manso como uma das excelentes matérias-primas para a produção de biodiesel.

Trata-se, também, de uma planta rústica, que se adapta a várias condições de clima e solo, é resistente a seca e pouco atacada por pragas e doenças. Também tem a vantagem de ser uma planta perene, que produz por mais de 40 anos. Dessa forma, não precisa ser plantada todo ano.

No Brasil, o pinhão-manso é encontrado em todas as regiões, adaptando-se às mais diversas condições edafoclimáticas. Mas somente nos últimos anos começou a ser cultivada comercialmente no país. Empresas de pesquisa agropecuária, universidades e empresas agrícolas de diversos estados brasileiros estão desenvolvendo trabalhos de pesquisa sobre o cultivo do pinhão-manso. Dessas pesquisa já resultaram alguns dados que indicam os parâmetros técnicos para seu cultivo. No entanto, as melhores técnicas para o seu cultivo ainda não estão definidas, havendo ainda dúvidas e interrogações.